quinta-feira, 29 de abril de 2010

Sucesso - “Show das Águas” reverencia meio ambiente com música e dança

Artistas participantes capricham e evento cumpre proposta de conscientização

Irreverência, emoção, afinação, compassos de dança, cores vibrantes, público participativo e muita qualidade. Tudo isso foi apresentado no “Show das Águas”, realizado nessa quarta-feira, 28 de abril, no Teatro Vitória. Aproximadamente 500 pessoas compareceram.

Com direção artística do professor José Farid Zaine, o evento propôs um alerta à população na conscientização do uso da água através da arte. Diferente dos outros eventos liderados por Farid, a edição do “Show das Águas” não teve apresentador fixo. Cada participante ficou responsável pelo anúncio da próxima atração.

“Dessa forma a gente conseguiu estabelecer um intercâmbio maior entre os artistas participantes que muitas vezes só ficam na coxia, aguardando serem chamados. Foi uma grande confraternização com as estrelas da noite”, afirmou Farid.

Sob luz lilás e azul, Aline Savazzi deu, literalmente, o passo inicial nas apresentações artísticas. Com a participação do músico Robson Barboza, Aline flutuou pelo palco do Vitória através da dança. Na sequência, o jovem músico Elton Fontanin agitou a plateia com samba e charme.

Júlio Zannini deixou o rock um pouco de lado para trazer à tona músicas do seu projeto social “SOS Sou Brasileiro”. E o público aprovou! Com os ponteios calmos e chorosos da viola, Domingos de Salvi acompanhou o líder do grupo “Encantoria”, Leandro Pfeifer.

As canções em dialeto africano foram encabeçadas pelo “Coral Municipal Afro Thulany”. A participação do coral empolgou os espectadores.

A essência da MPB não podia ficar de fora. E não ficou. Emanuel Massaro e Débora Vidoretti trouxeram canções de Marisa Monte e Tom Jobim e o resultado foi olhos cheios de lágrimas pelas dependências do teatro.

A irreverência de Danilo Mendes e o som marcante da banda Toc Percussivo estiveram presentes e, para encerrar com chave de ouro, Juliana Guerrero Garcia interpretou uma das apresentações mais emocionantes dos eventos realizados no teatro. July, como geralmente é chamada, cantou “Earth Song”, de Michael Jackson, e surpreendeu o público. Além de arrepiar, July conseguiu passar a mensagem que a música propõe, afinal, “did you ever stop to notice this crying Earth, its' weeping shore” (“já parou para observar que a Terra, os mares, estão chorando”).

“Show das Águas” foi realizado pela Humaniza, com patrocínio da Foz do Brasil (Lei Rouanet - MEC) e apoio da Prefeitura de Limeira, por meio da Secretaria da Cultura. Além de Farid, estiveram presentes Vicente Pironti, diretor da Humaniza e Fábio Pentagrama, diretor do Vitória. Na oportunidade, Pentagrama representou Adalberto Mansur (secretário da Cultura) e o prefeito Silvio Félix.

Aline Savazzi

Juliana Guerrero Garcia

Ronald Gonçales

terça-feira, 27 de abril de 2010

Sobre o samba dela...

Maria Rita encerrou os shows em São Paulo da turnê bem sucedida “Samba Meu” com gostinho de quero mais, no último sábado, 24 de abril, no maravilhoso Citibank Hall (SP). Há 45 dias estive com grandes expectativas, já que comprei o ingresso assim que soube da notícia do show, dada pela querida Nayara (que também foi ao show).

Logo no início, quando a voz de Maria Rita surge diante de um palco não iluminado, o coração já dispara. Séria (o que não lhe é peculiar), olhando fixamente para um ponto no horizonte, ela inicia com “Samba Meu”, letra bem sucedida de Rodrigo Bittencourt. Dominando o público, Maria Rita já mostra a que veio: ser a dama do palco e, de repente, seu samba começa a acontecer e sua face com exageradas (e lindas) expressões eleva o público.

A sintonia da cantora com o público é incrível. Não é apenas pelo aspecto fã – ídolo. É segurança. Maria Rita está segura, está com personalidade própria, envolve o público e presenteia os fãs em cada interpretação.

Seu corpo é de deixar qualquer marmanjo babando. Pudera: abusando de um figurino sensual, que exibe uma barriga invejável e pernas torneadas, retratando o espírito atual da cantora: Alegria que contagia!

Ao conversar com o público, depois de umas 4 canções, ela não esconde a emoção ao falar que o “Samba Meu” vai deixar saudades e que ela pretende viver uma noite inesquecível. Inesquecível? Noite memorável!

Não tem como citar pontos fortes do show, tudo é forte, tudo é bonito, tudo é atraente... Mas não tem jeito, o público vai à loucura quando a morenaça começa a tocar seus sucessos antigos. “Muito Pouco”, composição de Moska, é um show à parte na voz dela.

Uma troca apenas de figurino, de cores vivas, como o amarelo e o roxo, para um vestidinho apertado e prateado. Figurinos que casam com seu cenário, com seu samba, com as luzes... De muito bom gosto!

Carismática sem ser forçada. Nunca conversei com Maria Rita, a não ser via twitter, mas o que sinto dela (e percebi ainda mais no show) é que ela é muito transparente, inclusive com os fãs. Se algo incomoda, ela não tem receio em dizer, não vai ficar com risadinha só para agradar. Autêntica.

Elo entre ela e seus músicos. O tempo todo ela olha para eles, é uma troca boa. Sim, ela é a estrela da noite... Mas sua humildade cativante não permite que ela se contente com isso. Ela olha para os músicos, pede aplausos para eles, ri das brincadeiras armadas por eles... Maria Rita é apaixonada pelos seus músicos.

Sorriso quando é para sambar. Expressão de dor quando é para falar de amores não correspondidos (como Santa Chuva). Face séria quando é para falar de suas confusões (Muito Pouco). Sensualidade abusada para falar de corpos suados (Ta Perdoado e Corpitcho). Rosto de cidadã indignada ao falar sobre injustiças (Pagu). Religiosa ao pedir para que o público "Não Deixe o Samba Morrer"... Tudo junto, mas misturado, com toques requintados de Maria Rita. Esse é o show delicioso “Samba Meu” que se torna, facilmente, “nosso”.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Antes você do que eu.

Eu sei que não há mais nada a ser esperado.
Eu sei que meu olhar já não encanta o seu.
Sei também que não sente falta dos meus beijos, do meu caloroso abraço.
Eu sei que você já não tem mais tanta paciência para ouvir meus anseios...
Sei que não quer mais ouvir as músicas que compus a você (minha louca inspiração).
Sei que, simplesmente e naturalmente, você não me quer mais.
Eu sei.
Sei de tudo!
Acontece que quando me olha,
Mesmo que seja para falar de outro amor,
Eu tremo.
Eu gelo.
Eu gemo.
Eu esqueço quem sou.
Eu vejo estrelas caindo.
Eu vejo um coração que acelera.
Vejo meu sangue sendo transportado por todas as veias.
Sinto.
Ah, como sinto!
Sinto quando o celular anuncia seu nome a me chamar.
Quando ouço nossa música. Lembra-se do hit? Claro que você não se lembra.
Deixa eu me enganar então!
Quando sinto seu cheiro, único e fatal,
Quando me abraça.
Ah! Quando me abraça.
Eu me perco.
Me perdi.
Onde estou?
Por que?
Não sei.
É isso que a vida te prepara...
Enrascadas do destino.
Para sempre e,
Para nada!

sexta-feira, 16 de abril de 2010

A cultura sendo democratizada...

No último final de semana Limeira recebeu pelo 3º ano consecutivo o Festival Paulista de Circo, realizado pela Secretaria de Estado da Cultura, em parceria com a Prefeitura de Limeira. Mais do que oferecer grandes espetáculos circenses à população, o evento provoca para que a arte e a cultura sejam cada vez mais democratizadas.

Quando Limeira recebeu a notícia de que seria sede desse importante evento, não houve dúvidas de que o público ganharia. Depois de quase termos perdido o “Circuito Cultural Paulista”, em 2008, outro projeto do Estado desenvolvido em parceria com o município que trouxe atrações culturais de qualidade, como Yamandu Costa e Marina De La Riva, a insistência da Secretaria da Cultura valeu a pena (na época, respondia pela pasta o professor José Farid Zaine, hoje vereador pelo PDT): Além de registrar Limeira entre as cidades a receber o “Circuito”, com grande aprovação popular, o Estado voltou seus olhos para nossa cidade e nos coroou com as edições do Festival de Circo.

É bonito ver crianças, adolescentes, jovens e adultos buscando os disputados ingressos para garantir cadeira em qualquer espetáculo da programação. Para uns, horas de fila que certamente valeram a pena... A diversidade dos espetáculos e o profissionalismo dos artistas oferecem satisfação ao público. Isso sem citar as ótimas oficinas ministradas por profissionais que têm currículos brilhantes.

É muito sadio quando, independente da política, parcerias ofereçam espaços para que a população seja agraciada com eventos de qualidade. A intensa e extensa programação do Festival de Circo é gratuita. E a gente se enche de orgulho em poder, de alguma forma, integrar essa história que mistura malabaristas, trapézio, palhaços, equilibristas, artistas que em palco brilham ou causam arrepios no temido globo da morte. É uma junção positiva e completa porque quando nos deparamos com o sorriso de uma criança, tão satisfeita com toda àquela magia, temos a certeza de que é preciso continuar criando espaços democráticos para que a cultura seja oferecida para todos.

Preocupemos-nos sim com a saúde, as obras, os transportes, a educação, as lutas de classes sociais e outros fatores dentro do nosso município. Mas não menos devemos incentivar e prestigiar as atrações culturais, para que Limeira continue tendo o público mais elogiado de todo o interior paulista. Seja nos festivais de música, de teatro, de circo, nas apresentações harmônicas da nossa Orquestra e corporações musicais, nos espetáculos dramáticos e humorísticos que se exibem no palco do Teatro Vitória, o nosso público é àquele caloroso, respeitado e participante... E a ideia é que isso se fortaleça.

Na Câmara, Farid apresentou requerimento que cria o Conselho Municipal da Cultura. É preciso que continuemos unindo forças, aprimorando as nossas atividades e incentivando as produções culturais de artistas limeirenses. Juntos, é possível!

terça-feira, 6 de abril de 2010

Se perder

Nesses momentos em que a alma ganha um tom cinzento,
Que o coração bate apenas para o sangue ser impulsionado,
Que a alegria parece perder um pouco de brilho,
Que um gosto amargo de saudade ou ausência se instala,
Que as músicas se tornam doídas de serem ouvidas,
Que nada se completa, muito menos se complementa,
Quando os focos quase se perdem,
Quando as estrelas não surgem mais nos céus,
Quando os sonhos perdem espaço,
E as rimas das poesias anunciam a amargura.

É nesses momentos em que valso comigo,
Comigo apenas,
Que me perco com pensamentos introspectivos,
Que me agarro ao que nem sei mais,
Que aproveito para observar que a dor deve ser consumida,
Que os olhos lacrimejam sem sentir,
Que a pele perde o tom, o dom, a graça.
Como pode um sentimento, que era para ser tão belo,
Aprisionar-te dentro de um museu repleto de lembranças?
De refrões repetitivos,
Que chacoalham sua cabeça,
Que tiram suas veias dos lugares,
Que, ao fechar os olhos, mergulham-te a um aperto que arde o peito.

O que esperar? O que querer? O que buscar?
Se na verdade é no amor que encontramos certa base,
Como se manter firme sem se perder?
Como é possível resistir ao sorriso que encanta?
A vontade de apertar... De beijar... De sentir!
A vontade de descobrir ou redescobrir.
A vontade de acariciar, de sussurrar,
De Gemer... De morder...
De se encontrar, para não se perder...

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Este mesmo sorriso

Ela sempre teve o mesmo sorriso.Está mais madura, mais charmosa, mais inteligente.Continua com um jeito atrevido de meu pegar, me puxar, me enrolar.Ela sempre teve o mesmo sorriso.Através de seus olhos, enxergo um rio, meu rio, minha fonte.Através de sua pele, imagino choques, tufões, vulcões...Ela sempre teve o mesmo sorriso.O sorriso quase que embriagante, quase que sufocante...O sorriso que queria ter todos os dias quando olhasse no espelho.O sorriso de bom dia que queria festejar.Sua boca, tão carnuda, tão excitante.Sua maneira boba de rir, de olhar.Navego dentro de mim,sem fim, sonhando em ser seu.Só seu.Você só minha.Só pra mim.Ela sempre teve o mesmo sorriso.E também sempre teve o mesmo beijo.O beijo de veludo, o beijo macio...O beijo que me fez sonhar um dia.Que me fez voar e perdido até hoje estou.E eu quero tanto que este beijo acompanhe meus dias.E eu quero tanto que o meu beijo acompanhe suas formas.Suas fórmulas...Por que este gosto amargo do sonho.É tão ruim de sentir.É tão desajeitado.É tão desanimado.Ela sempre teve o mesmo sorriso.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

O Canto de Verônica


Quando soube que o jovem diretor Jonatas Noguel seria o responsável pelo espetáculo “Via-Sacra”, em Limeira, não tive dúvidas: Ousadia e criatividade marcariam as cenas que narram os últimos momentos de Jesus Cristo na Terra, vivendo suas dores, paixão e morte, para chegar à Ressurreição. E assim fui, cheio de expectativas, conferir a estreia do espetáculo, no dia 1º de abril. (O evento segue até sábado, dia 3)

Portanto, o diretor surpreende ainda mais. É incrível como Noguel possui uma sensibilidade que poucos conseguem atingir. Ele inova, propondo uma provocação, um elo entre o público e as cenas.

As surpresas já vieram logo na cena inicial, cavalos desceram pelo morro do Parque Cidade para expulsar e aterrorizar os escravos daquela época. Jonatas deixou de lado as cenas de milagres e abusou das cenas onde dança e teatro se misturam. Tanto que os três pontos mais fortes do espetáculo são as cenas do “Palácio de Herodes”, em que Salomé dança para o Rei em troca da cabeça do profeta João Batista, com pirofagia, dança nos palcos principais e gramado; “Demônios”, em que três artistas seguros surgem misteriosamente pelo palco e tentam Cristo, com luz vermelha sob eles; e “Canto de Verônica”, em que a atriz dá um banho de afinação e nos telões que integram o cenário, imagens da miséria do mundo vão chocando e propondo uma reflexão para o público. Enquanto Verônica canta e mostra desesperadamente para o público o rosto de Cristo enxugado por ela, rapidamente inicia-se a crucificação: Gritos de dor de Cristo e a voz suave e marcante de Verônica marcam – certamente – com sensibilidade e emoção, confirmando a ousadia de Noguel.

O diretor abandonou a parte superior do Parque Cidade e trouxe todas as cenas próximas dos espectadores, no gramado, inclusive a crucificação.

Na Ressurreição, mecanismo novo colocou o intérprete de Cristo “literalmente” no ar, como se estivesse subindo aos céus, causando surpresa no público. Na “Santa Ceia”, os próprios apóstolos são os responsáveis pela montagem da mesa e colocação dos pratos e, no final da cena, assim que Cristo revela que um dos apóstolos irá traí-lo, a imagem é pausada e os atores ficam congelados cerca de 30 segundos... Enquanto a luz demoradamente vai se apagando, nós vamos constatando o quanto essa história, embora tão antiga, reflete fervorosamente nos dias atuais. Novo ponto para Noguel!

Sinto orgulho em constatar todo esse talento de Noguel despontando em Limeira e chamando a atenção de todos pela sua ousadia. Não é a toa que o rapaz tem atingido grandes metas em sua carreira: Em 2009, companhia de teatro dirigida por ele, venceu a edição nacional do Festival de Teatro de Limeira, com a montagem de “Púrpura”, baseada no livro de Alice Walker.

Via-Sacra é, sem dúvidas, um dos eventos culturais mais aguardados pela população. Criada pelo ex-secretário da Cultura, hoje vereador, professor José Farid Zaine, as apresentações entrelaçam a fé e a arte cênica. De 2005 a 2009, Carlos Jerônimo Vieira foi quem assinou a direção, sendo também o diretor das primeiras edições do evento após a sua criação. Além de Vieira, Jaqueline Durans já coordenou o projeto. Seja com Vieira, com Jaqueline ou com Noguel, algo é certo: Via-Sacra merece o respeito e a admiração do público de Limeira. Parabéns Noguel, parabéns Secretaria da Cultura!