E o que somos?
Somos migalhas do que o mundo nos transformou. É fácil e natural as pessoas quererem que sejamos da maneira como a elas é mais conveniente. Tenho observado que, a cada dia, as pessoas têm tornado os seus próprios desejos como algo prioritário. E, nesta ansia maluca, nem percebem que os seus desejos tem transformado as pessoas também, da maneira como elas querem.
Não é fácil a gente ter personalidade em um universo onde programas grotescos da televisão brasileira batem recordes absolutos no ibope! É difícil não ser manipulado - principalmente a nossa geração, refém de um mundo totalmente globalizado - pela cultura em massa. Todos os valores estão invertidos: Quer dizer que a cultura, que deveria ser direito de todos, é uma mercadoria - muito cara, diga-se de passagem.
Em 2007 tive o prazer de assistir a um show da grande Maria Bethânia, no Citibank Hall, em São Paulo. Fazer parte de um momento como este é emocionante. É algo que entra direto para a nossa alma e nada, nem ninguém, consegue arrancar da gente. São horas de pura adrenalina, de choque, de valorizar o que é nosso (fala sério: A música brasileira não é a melhor de todas?).
Mas, infelizmente, não são todas as pessoas que podem ter acesso a isso. O show é caro. A viagem é cara. A hospedagem é cara.
Neste caso, especificamente, deixei de pagar algumas contas para me dar este luxo.
Ontem, durante a aula de "História da Arte", teve um debate sobre programas de televisão e filmes que nos distorcem da realidade. Da nossa realidade. Da realidade brasileira. Como inverter este quadro? De que forma?
Estamos tendo uma oportunidade muito especial de termos acesso a uma Universidade. Diante disso, cabe a nós tentarmos inverter este posicionamento. É claro que os brasileiros podem assistir ao "Big Brother Brasil" - entrete, diverte, enfim, eu mesmo assisto. Mas isso não pode só ser a prioridade. É preciso que os governos de todas as esferas valorizem a arte e a cultura, popularizando o acesso a estes bens. Tem que ter teatro de graça para a população, que por sua vez, deve prestigiar tudo o que tiver alguma marca cultural.
A cultura nos torna melhores como cidadãos. Através dela é que criamos gostos mais seletos para descobrirmos o que é bom ou ruim, conseguimos entender melhor quais são os nossos direitos, e como devemos exigi-los. Tanto é que nos regimes totalitários, os artistas eram sempre os mais perseguidos. Lamentável cena!
É preciso mudar sim. Não dá mais pra ficar de braços cruzados diante de tanta besteira que vemos na TV. E "mudar" - neste caso - não significa extinguir vemos programas que emburrecem a nossa cultura! O que não pode é acomodar. Vamos ver "Big Brother" e observar a onda de manipulação exposta em nossa frente... Mas não deixemos de ir ao teatro, ao cinema, conversar sobre assuntos sérios (sem armaduras), conhecer a elogiadíssima música popular brasileira, etc.
quarta-feira, 25 de março de 2009
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