quinta-feira, 26 de março de 2009

Uma homenagem ao Ícaro

Uma das melhores coisas que fiz em minha vida foi adquirir um cão, há dois anos atrás. Ele chama-se Ícaro, é um labrador atrapalhado e muito querido por todos da família.

A origem do nome Ícaro é mitológica, sendo filho de Dédalo, que foi o construtor e inventor mais habilidoso de sua época na Grécia Antiga. O seu nome significa: Fidelidade, carinhoso e de muita sensualidade, busca estar sempre demonstrando seu amor a todo instante e espera que a pessoa amada faça o mesmo. Superprotetor e muito prático, alguem pronto a ajudar na solução dos problemas das pessoas mais proximas. Mas tem uma forte tendência a se irritar quando não aceitam sua ajuda ou mesmo seus conselhos. Possessividade, dependência e temosia são aspectos dos quais deve fugir.

Lembro-me, muito feliz, quando optei em levar este bichano para a minha residência. Filho da Elza e do Fred (cães do meu amigo Paolo), logo que cheguei à chácara, veio correndo e deitou em meus pés. Com cara de bobão e jeito de travesso, não pensei duas vezes e o levei para o meu lar, que agora seria o dele também.

No início pensei que estaria fazendo bem só pra mim, pois sempre sonhei em ter um labrador. Com o tempo percebi que fiz bem pra todos da minha família. O Ícaro passou a ser o principal companheiro de minha mãe, que fica muito tempo em casa e sozinha. A relação dos dois é muito interessante. O Ícaro é um animal possessivo. Ele não gosta que a gente se aproxime da minha mãe. Ele se sente mais filho do que todos nós (eu e meus dois outros irmãos).

Com mordidas ardidas para brincar, um rabo que chacoalha forte, quebrando enfeites, destruindo sofás, camas e outros objetos (a minha mãe já trocou 2 vezes de óculos), o Ícaro é um cão adorável. Ele faz de tudo para manter a harmonia dentro de casa. Quando estamos mal humorados, ou chateados com alguma coisa, como espécie de mágica, lá está o Ícaro com aquele olhar fatal pronto para o ataque. Ele sobre para cima da cama, nos lambe, faz piruetas, morde o travesseiro... E nos olha tão profundamente em nossos olhos, que nos emociona.

O Ícaro é fiel. É engraçado. É teimoso. É atrevido. É amigo. É abusado. É atrapalhado, mas principalmente, um cão muito companheiro.

Certa noite eu não conseguia dormir, devido a algumas preocupações, enfim, coisas que às vezes temos que enfrentar em nossas vidas. O Ícaro ficou o tempo todo ao meu lado, olhando firme para mim. Ele tem um jeito de olhar pra gente que nos estremece. Não sei... É como se ele falasse através do olhar. É como se ele vivesse em função de nossas reações. E ele consegue.

Acontece que descobrimos, há alguns meses atrás, que o Ícaro traz com ele uma doença de pele bem chata. Um monte de ‘bolhinhas’ misteriosamente surgem pelo seu corpo, causando queda de pêlos... Desde então, ele se submete a tratamentos rigorosos com antibióticos e vitaminas. Entristece-me vê-lo nestas condições... Eu o acho tão indefeso (apesar do tamanho gigante). É uma relação profunda. Ele depende tanto de mim e de nós lá de casa.

O Ícaro é festeiro, gosta de paquerar as cadelinhas da vizinhança. Para deixá-lo ainda mais feliz, basta dizer: “Vamos ao passeio?”. Nossa... Ele corre por todos os cantos de casa, pula, morde, late... É um prazer.

Estamos finalizando o tratamento da última vez que a doença o atacou. Ele é forte, corajoso... E está vencendo mais uma etapa chata. Seus pêlos já estão novamente fortes e brilhantes.

Eu sou fã do Ícaro, e quando o observo - de todas as formas - penso o quanto que nós, humanos, temos que aprender com os cães!

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