segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Contradição

Sempre acho rompimento um saco. Seja do que for. Entre amigos, na família, no amor... É que sempre sonhamos que quando estamos vivendo algo aquilo será eterno. E acreditamos nisso com uma força tremenda que depois, com o passar do tempo, nos frustramos. Quanto mais o tempo vai passando mais eu vou tendo a certeza que, em relacionamento, não dá para jogar as nossas expectativas sempre em cima da outra pessoa. Vocês têm que deixar claro quem são vocês, sem medo, sem receio e naturalmente. Porque, de fato, o amor só se construirá, no dia-a-dia e na terrível monotonia, se você puder ser quem você é e, ainda assim, tiver alguém do seu lado que o ache a última bolachinha do pacote. Terrível é se enganar. Enganar! A gente vai se perdendo quando a gente tenta, de todas as formas, ser aquilo que o outro, ou a outra, ou quem for, projeta a nós mesmos. Cada um tem a sua própria estrutura, a sua própria base e a sua própria educação. Não tem como ir exigindo que a pessoa cobre menos. Talvez isso faça parte do mundo que ela criou para ela mesma. Também não tem como exigir que o outro dê mais atenção. Talvez, a atenção que ele, ou ela, dá naquele instante é a maior já dada em sua vida. É preciso haver o reconhecimento.

Esse início de texto dá a terrível impressão de que o que busco para mim é a perfeição. NÃO! Pra ser mais específico, gosto menos da perfeição do que dos defeitos. Eu gosto de aprender, apenas. E num determinado momento, quando alguém está com alguém e observa, com um gosto amargo, que o relacionamento não tem feito bem para nenhum dos dois. Que há brigas desnecessárias (com frequência), que um quer mudar o outro, que o tom das músicas já não se encaixa nas vozes, que há a carência sentida, que há pensamentos dolorosos, é hora de virar a mesa! E, confesso, é horrível ir observando isso gradativamente.

Nunca fui de me permitir me acomodar. Em qual estágio for. Já sofri muito. Já fiz sofrer muito e aprendi, com isso tudo, que o mais importante é a gente SEMPRE seguir o nosso coração, pois isso te traz alívio e tranquilidade. É claro que há a saudade e isso só tende a aumentar com os dias... Mas há também a certeza de que já não estava bem e ao menos, sozinho, você pode ir resgatando as coisinhas da sua vida do seu jeito, sem achar que está errando sempre ou fazendo algo que te faça carregar culpas. Carregar culpas num relacionamento é uma sensação de peso!

Quero que sejamos felizes. Juntos ou cada um em seu caminho. Estou me “re”conhecendo e isso é bom, preciso de mim, respirar um pouco, andar por aí, sem acreditar que as minhas alternativas estão sempre erradas. Estava perdido em infinitos pesados e de novo CONFIRMO: Não há culpados! Há a gente mesmo e a nossa mania de querer inverter o ciclo das coisas. Quero ficar quieto, no meu canto... E disso estou certo. E a vida vai tecendo e mostrando o quanto é preciso amadurecer com ela. Uma amiga me disse algo ontem que viu num filme que me arrepiou. Vejam só: "Somos perfeitos um para o outro, mas não conseguimos viver juntos. É uma contradição". É, a vida é mesmo recheada de contradições...
Adeus Você, Los Hermanos.

Adeus você

Eu hoje vou pro lado de lá

Eu tô levando tudo de mim

Que é pra não ter razão pra chorar

Vê se te alimenta

E não pensa que eu fui por não te amar


Cuida do teu

Pra que ninguém te jogue no chão

Procure dividir-se em alguém

Procure-me em qualquer confusão

Levanta e te sustenta

E não pensa que eu fui por não te amar


Quero ver você maior, meu bem

Pra que minha vida siga adiante


Adeus você

Não venha mais me negacear

Teu choro não me faz desistir

Teu riso não me faz reclinar

Acalma essa tormenta

E se agüenta, que eu vou pro meu lugar


É bom...

Às vezes se perder

Sem ter porque

Sem ter razão

É um dom...

Saber envaidecer

Por si

Saber mudar de tom


Quero não saber de cor, também

Pra que minha vida siga adiante

sábado, 21 de novembro de 2009

'Quando acaba', por Jabor!

Sempre acho que namoro, casamento, romance, tem começo, meio e fim. Como tudo na vida. Detesto quando escuto aquela conversa:
- Ah, terminei o namoro...
- Nossa, estavam juntos há tanto tempo.....
- Cinco anos... que pena... acabou....
- é... não deu certo...
Claro que deu! Deu certo durante cinco anos, só que acabou. E o bom da vida, é que você pode ter vários amores.
Não acredito em pessoas que se complementam. Acredito em pessoas que se somam.
Às vezes você não consegue nem dar 100% de você para você mesmo, como cobrar 100% do outro?
E não temos essa coisa completa.
Às vezes ela é fiel, mas é devagar na cama.
Às vezes ele é carinhoso, mas não é fiel.
Às vezes ele é atencioso, mas não é trabalhador.
Às vezes ela é muito bonita, mas não é sensível.
Tudo junto, não vamos encontrar.
Perceba qual o aspecto mais importante para você e invista nele.
Pele é um bicho traiçoeiro.
Quando você tem pele com alguém, pode ser o papai com mamãe mais básico que é uma delícia.
E as vezes você tem aquele sexo acrobata, mas que não te impressiona...
Acho que o beijo é importante... e se o beijo bate... se joga... se não bate... mais um Martini, por favor... e vá dar uma volta.
Se ele ou ela não te quer mais, não force a barra. O outro tem o direito de não te querer. Não brigue, não ligue, não dê pití.
Se a pessoa tá com dúvidas, problema dela, cabe a você esperar.... ou não.
Existe gente que precisa da ausência para querer a presença.
O ser humano não é absoluto. Ele titubeia, tem dúvidas e medos, mas se a pessoa REALMENTE gostar, ela volta.
Nada de drama.
Que graça tem alguém do seu lado sob pressão?
O legal é alguém que está com você, só por você.
E vice versa.
Não fique com alguém por pena. Ou por medo da solidão.
Nascemos sós. Morremos sós. Nosso pensamento é nosso, não é compartilhado.
E quando você acorda, a primeira impressão é sempre sua, seu olhar, seu pensamento.
Tem gente que pula de um romance para o outro.
Que medo é este de se ver só, na sua própria companhia?
Gostar dói.
Muitas vezes você vai sentir raiva, ciúmes, ódio, frustração.....
Faz parte. Você convive com outro ser, um outro mundo, um outro universo.
E nem sempre as coisas são como você gostaria que fosse....
A pior coisa é gente que tem medo de se envolver.
Se alguém vier com este papo, corra, afinal você não é terapeuta.
Se não quer se envolver, namore uma planta. É mais previsível.
Na vida e no amor, não temos garantias.
Nem toda pessoa que te convida para sair é para casar.
Nem todo beijo é para romancear.
E nem todo sexo bom é para descartar... Ou se apaixonar... Ou se culpar...
Enfim...quem disse que ser adulto é fácil ?????

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Um sonho que se desfaz...

O nome dele era Renato e seu sobrenome pouco importa. Carioca, o menino de 10 anos, morador de uma das maiores comunidades do Rio, assistiu, ao acaso, o anúncio de que o seu país será cenário de uma momento histórico: Sede das Olimpíadas de 2016. O garoto, que trajava uma bermuda da cor verde, bastante suja, uma camiseta amarela, rasgada, com as promessas de um Brasil campeão da Copa de 2002, e um boné azul, trazendo propaganda da “Casas Bahia”, loja, inclusive, em que conseguiu assistir à revelação feita por Jacques Rogge, presidente do Comitê Olímpico Internacional, onde entrou – observado rapidamente pelos seguranças – para tomar uma água gelada no bebedouro, fugindo do sol ardido lá de fora. Seus bolsos tilintavam um agradável “barulhinho” de moedas. Enquanto o observava, nem notei que estávamos tão próximos um do outro. Tio – ele disse. O que significa isso daí “pra” nós? É muita coisa, rapaz. Será investido muito por aqui. E o que é investir? – perguntou-me. É... Pensei um pouco, na verdade muito, e ele insistiu: O que é isso aí, mano? Talvez comecem a oferecer um sistema de saúde mais adequado, injetem mais grana na segurança e na educação – pontuei, sem ter a certeza se havia dito algo coerente. Hã – resmungou a criança – Então minha mãe vai ficar feliz com esse lance aí da segurança. Só lá na minha “goma” “mora” nove “pessoa”, isso porque três já “foi” pra terra, “morridos” lá na minha comunidade. E quem eram esses que morreram? – interroguei. “Era” meus “irmão”, o mais “véio” tinha o mesmo nome que o meu, Renato – gabou-se. Nesse treco aí que “passo” na TV tem futebol também? Tem sim. Você curte futebol? Muito, tio. Jogo, quando não tenho que “trampá”. Ah. E você trabalha com o quê? Estuda também? Nada, tio, “tá” tirando? Estudar é coisa de luxo, eu “trampo” nos faróis mesmo, arranco umas moedas aí “pra” ajudar em casa. O silêncio tomou conta de nós dois. Tio – disse-me. Quem sabe lá nesse lugar aí eu “num” jogo bola, né? É meu sonho, sabia? Ser igualzinho “o” Ronaldo – revelou de peito inchado. Fomos interrompidos pelo vendedor da loja, estava prestes a adquirir uma TV de plasma para enfeitar a sala lá de casa e, como num passe de mágica, Renato sumiu.

Hoje, um pouco mais do que um mês desse episódio, vendo os noticiários da TV de plasma – recentemente comprada – no ápice da violência no “Morro do Alemão”, observei uma senhora chorando pela perda de um filho por uma bala perdida. Ao seu lado, outras crianças apertavam suas pernas enquanto uma mamava em seu peito. O microfone de uma repórter transmitia o drama daquela mulher. Não dá mais “pra” nós “morar” aqui não, dona – relatou a senhora desesperada, chorando copiosamente. Ele tinha o mesmo nome do mais velho e não parava de falar que iria ver as Olimpíadas em 2016.

Nas mãos dela, o boné da “Casas Bahia” ainda estava com manchas de sangue...

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

A benção do retorno...

A maioria das pessoas sabe que faço assessorias para o vereador José Farid Zaine (PDT). Trabalho diariamente atendendo pessoas, pessoalmente ou por telefone. Conheço realidades bem diferentes, todos os dias. E ontem, ao atender o telefonema de uma simpática senhora, foi que eu me surpreendi: Às vezes as pessoas precisam apenas mesmo é de uma boa atenção.

Ela está com problemas para vagas de creches para o seu neto. Há uma demanda grande buscando estas vagas. Um vereador não tem prerrogativas para auxiliar neste caso e acho isso até justo, pois não é certo passar ninguém na frente de ninguém apenas por contatos. Porém, o que fiz, foi uma pesquisa das creches da redondeza da região que esta senhora mora. Fiz isso em, no máximo, 1 hora. Quis conhecer um pouco dessas realidades. Saber sobre as assistentes sociais, como são realizados esses atendimentos, e outras coisas.

E então, mais tarde, retornei a ligação para a senhora. Logo a avisei que não poderíamos interferir no andamento das vagas nas creches. E então, disse que andei ligando em algumas creches, para saber um pouco sobre a realidade de parte delas. Num papo bastante descontraído, a gente acabou que sintonizando muitos assuntos, pensando de maneira idêntica em várias vertentes. Ao final da ligação, ela me agradeceu muito por tudo que fiz a ela. Abençoou-me e ainda reiterou que foi um prazer ter conversado comigo.

Ao desligar o telefone, uma enorme sensação de paz e tristeza me invadiu. Se pudesse, queria poder ajudar todo mundo que chega com algum problema. Isso traz uma sensação de “impotência”. Por outro lado, a paz veio pelo fato de acreditar que basta pouca coisa para alegrar o coração das pessoas: gentileza. E então pensei: Por que será que muitas pessoas não se entregam aonde quer que estejam?

Eu mesmo ligo diversas vezes, em vários setores, da cidade ou região, e fico transtornado com a falta de importância que dão aos problemas de quem quer que seja. Claro que há ótimas exceções. Mas mesmo assim, um retorno, mesmo que negativo, pode culminar em respeito para quem aguarda por ele.

Enfim, algo precisa ficar claro: Esta senhora me fez um bem, e eu é que me senti completamente fascinado pela sua simplicidade e alegria em viver.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Pálidas anotações

Eu não sei mais o que fazer.
O meu egoísmo clama para que você fique, e não feche a porta.
Mas sei que não sou capaz de te fazer feliz.
Sei que estou longe e distante de ser o que você quer pra você.
Eu não tenho direito de te impedir...

Talvez eu seja a pessoa mais complicada deste universo.
Eu juro que eu pensei que não seria tão difícil...
Não podemos deixar de ser a gente mesmo.
Não vou te mudar. Não me mudarás.
Continuarei sendo fã de Maria Rita, Calcanhoto e Bethânia.
Mesmo que a porta venha a fechar...

A verdade é que dentro de mim há vulcões imensos de saudades.
A culpa não é sua, nem minha, talvez nem nossa.
Eu não sei como fazer para que você possa me compreender.
Eu não sei mais te compreender.
Sabe aquele brilho de maio?
Não há mais em seu olhar.

Há no meu.

Mas ele está piscando.
Ruindo... Esfarelando.

E o que fazer?

Soa... Soa...
Sino! Suspiro!

O vento bate em meu rosto.
E estas noites mal dormidas?
Que carregam culpas inexistentes em mim mesmo?

Não posso mais me culpar tanto assim.
Eu tentei abrir mão de mim!
Não consigo.

Você exige coisas mirabolantes.
Não posso te dar...

Você também não quer me dar.

Fiquemos em silêncio então.
Ensurdecedor silêncio.
Que silencia o orvalho da humanidade.
Que queima a alma. Rasga o coração, aos poucos.
Voltarei a me embebedar de vodkas, destas das mais baratas.
Não me importo mais com as cinzas que sobrevoam o meu quarto... Os meus cadernos!

De fato queria hoje beber até a mim.
E me cuspir um novo ser-humano.

Mais seu.
Menos meu!

Não sei te completar...

E receio que, nesta vida, não estejamos aqui para completar a ninguém!

Nascemos completos.

Nascemos completo?